Diário do Alentejo

Moura foi a “Terra Mãe” da Taça de Portugal de Ciclismo Feminino

29 de abril 2023 - 10:00
Ciclismo com elegância…
Foto | Firmino PaixãoFoto | Firmino Paixão

A ciclista Ana Caramelo (Maiatos/International Pro Cycling Team) venceu, na cidade de Moura, no passado domingo, dia 23, a terceira etapa da Taça de Portugal Feminina. Cristiana Valente (Glassdrive/    /Chanceplus/Allegro) foi a segunda classificada e reforçou a posição de líder no ranking das elites.

 

Texto Firmino Paixão

 

Nos escalões mais jovens, cadetes e juniores, as vencedoras da segunda prova, disputada no dia anterior em Albufeira, a júnior Marta Carvalho (Extremo Sul/Terras do Arade) e a cadete Leonor Casimiro (Escola de Ciclismo de Oeiras) repetiram os triunfos no Alentejo, mantendo-se como líderes da geral e fortes candidatas à conquista do troféu.

 

A corredora Patrícia Rosa (Extremo Sul/Terras do s/CA Terras do Arade) foi a melhor master 30, Ana Neves (Bike & Nutrition Shop) venceu em master 40 e as grandolenses Filomena Gomes e Leontina Palhas (ambas da Vertentability/CRG) triunfaram em masters 50 e 60, respetivamente.

 

Coletivamente, esta terceira etapa da Taça de Portugal foi ganha pela formação da Glassdrive/Chanceplus/Allegro, mas o primeiro lugar da geral continua a pertencer à equipa Extremo Sul/ Terras do Arade. A Taça de Portugal Feminina é uma organização da Federação Portuguesa de Ciclismo, neste caso delegada na Associação de Ciclismo do Algarve (ACA), entidade que contou com o apoio do município de Moura.

 

A primeira etapa realizou-se em Cantanhede, a segunda em Albufeira e a terceira em Moura, seguindo-se Santarém e Maia. O pelotão era composto por quase nove dezenas de atletas, representando um total de 22 equipas, entre elas a grandolense Vertentability/CRG.

 

Os percursos variaram consoante os escalões, desde os 57,5 quilómetros para cadetes e masters, 77,1 para juniores e 96,7 para sub/23 e elites, rolando desde Moura até Santo Amador, Póvoa de São Miguel e regresso à sede de concelho.

 

Na direção da corrida também esteve uma mulher, Ana Cunha, dirigente da Associação de Ciclismo do Algarve, que referiu ao “Diário do Alentejo”: “Esta etapa correu muito bem. Um percurso que parecia muito plano mas que, na realidade, era muito exigente. Contudo, conseguimos delinear aqui um percurso muito interessante, em linha e ideal para tornar esta prova da taça mais competitiva e, também, uma oportunidade para as atletas chegarem mais juntas e em maior quantidade à meta. Ficámos muito satisfeitas com o balanço final, esperando que, nos próximos anos, a cidade e o concelho de Moura continuem a acolher-nos com esta organização que foi muito bem participada, com 89 atletas à partida”.

 

Ana Cunha fez ainda notar: “As mulheres podiam estar ainda mais motivadas para praticar o ciclismo, mas vamos no bom caminho. Não sei o que será necessário para mobilizar mais atletas, mas deixo o convite para que venham para o ciclismo, porque este é um desporto divertido e eu dou o exemplo: estarei cá para apoiar todas as atletas que queiram vir para esta modalidade”.

 

Celina Carpinteiro, professora de Ciências nascida em Paris, que adotou o Algarve como sua região natal, é uma das ciclistas portuguesas mais laureadas em termos regionais (Algarve) e nacionais, quer na disciplina de BTT (maratona, XCM, XCO e cross-country), quer no ciclismo em estrada (campeonatos nacionais e Taça de Portugal) e, apesar da sua veterania, destacou-se como a estrela mais cintilante no interior do pelotão.

 

No final da prova revelou ao “Diário do Alentejo” que já fazia “ciclismo em estrada em simultâneo com o BTT”. “Já fui várias vezes campeã nacional de estrada, como tinha sido também no BTT. Tenho um projeto de uma equipa feminina [5Quinas/Albufeira/CD Areias São João] em que sou a mentora. É sempre um privilégio estar aqui a transmitir algumas ideias e também aprender algumas coisas com estas colegas mais jovens, partilhando, com elas, tudo aquilo que tem sido a minha experiência”.

 

Com tantos quilómetros percorridos pelas estradas e trilhos de Portugal, Celina, ciclista que integrou a seleção nacional de estrada, admitiu que ainda está num período de aprendizagem.

 

“Ainda estou, porque o ciclismo feminino também aporta uma nova experiência, sobretudo, pela constatação do crescimento de mulheres que têm vindo para esta modalidade, e isso constata-se nestas provas da Taça de Portugal. Sabe que andar em pelotão, com muitas unidades, é diferente de ficarmos reduzidas a um grupo de oito ou 10 ciclistas, agora, mesmo quando se faz a seleção de valores, fica sempre um grupo de 30 a 40 unidades, mas é preciso também muito treino e um bom jogo tático”.

 

Sobre o número crescente de mulheres no ciclismo, Celina garantiu: “As mulheres vão chegando cada vez mais ao desporto e, especialmente, ao ciclismo, e tudo o que nós pudermos trazer da nossa elegância para este desporto tem todo o mérito. O ciclismo não é um desporto essencialmente masculino, as mulheres também fazem parte dele e têm uma palavra a dizer”.

 

Antiga futebolista, com um riquíssimo palmarés no ciclismo, assume com modéstia: “Acho que já criei uma identidade e um palmarés, e esse é um legado que eu também quero deixar”. Porém, nunca desistirá de sonhar, mas um dia de cada vez.

 

“Hoje cumpri mais um sonho, que foi, aos 43 anos, estar no pódio de uma Taça de Portugal, a competir com as melhores, com as elites, e é isso também que me motiva. Mas sou realista, isto para mim já foi uma grande vitória”, concluiu.

 

Resultados Vencedoras:

  • Cadetes | Leonor Casimiro (Escola Ciclismo Oeiras) 1h38.50;
  • Juniores | Marta Carvalho (Extremo Sul/ /Terras do Arade) 2h15.05 Sub/23 | Beatriz Santos (Glassdrive/ /Allegro) 2h46.58;
  • Elites | Ana Caramelo (Maiatos) 2h46.36;
  • Master 30 | Patrícia Rosa (Extremo Sul/Terras do Arade) 1h39.07;
  • Master 40 | Ana Neves (Bike & Nutrition Shop) 1h38.56;
  • Master 50 | Filomena Gomes (Vertentability/Grândola) 1h39.25;
  • Master 60 | Leontina Palhas (Vertentability/ / Grândola) 1h41.43;
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