Diário do Alentejo

O arrelvamento do “Campo Cross Brown” será, em breve, uma realidade

19 de agosto 2022 - 11:00
Uma história de resiliência
Foto | Firmino PaixãoFoto | Firmino Paixão

Uma festa bonita! Uma centena de velas acenderam em torno do emblema do São Domingos Futebol Clube. Um dia para exaltação do amor ao centenário emblema mineiro, momento para honrar a memória dos que já partiram, de tributo aos que estão e apelo aos que hão de vir.

 

Texto Firmino Paixão

 

O ‘Dia de Santa Maria’ foi longo e de festa rija na Mina de São Domingos. A atmosfera era festiva, mas sentia-se muita saudade no ar, houve atividades diversificadas, mas os momentos altos foram a sessão solene comemorativa do centenário, a inauguração da exposição evocativa destes 100 anos de atividade e o descerramento de uma lápide comemorativa. Momentos destes não merecem palavras de circunstância. Merecem, e justificam, discursos coloridos de sentimentos, provocadores de emoções, mas também geradores de incentivo e de esperança.

 

Foi essa interpretação que, de uma forma notável, fez a vice-presidente do município de Mértola, Rosinda Pimenta, afirmando que “a história de 100 anos do São Domingos Futebol Clube confunde-se com a história da própria Mina de São Domingos. Uma história de resiliência, de muita persistência, de grande afeição e vínculo afetivo ao clube e à terra. E a moldura humana que aqui temos hoje, testemunha esta celebração e é, sem dúvida, um exemplo da grandeza e presença deste clube, na vida e na memória deste lugar, e de todos vós”.

 

A autarca recordou o passado do clube e fez notar que “o São Domingos não é só futebol e não é só desporto. Não é só futebol porque, ao longo da sua história, integrou outras modalidades e foi a casa de muitos jovens que cresceram a fazer desporto com o São Domingos. E não é só desporto, porque este clube é uma referência na memória coletiva das pessoas da Mina de São Domingos, todos, mais velhos e mais novos”.

 

Por isso, vincou que “quem é da Mina, tem sempre, pelo menos, uma estória, um episódio, um momento da sua vida, que se cruza com a história do clube. O clube foi, e é, ponto de encontro de várias gerações, foi ao longo dos tempos e continua a ser a forma de afirmar, de gritar bem alto o orgulho de um passado, uma matriz e um ‘ADN’ mineiro”.

 

Continuando a rebuscar o passado do clube e da terra mineira, Rosinda Pimenta, recordou que “o campo que se pisa e onde joga o São Domingos, não é só um campo de futebol, o campo é também a superfície da Mina e, por isso, esta homenagem que hoje prestamos ao clube é também uma homenagem à Mina e às gentes da Mina, que ajudaram a fazer esta história de 100 anos”.

 

E foi mais longe. “Hoje, felicitamos e homenageamos também o associativismo desportivo e o desporto amador, que tem no São Domingos Futebol Clube um exemplo de grande persistência e, por isso, um grande bem-haja a todos os seus corpos dirigentes que, ao longo destes 100 anos de história, com muitas dificuldades, próprias de muitas outras associações e clubes, se mantêm, proporcionado a existência de dinâmica e oferta desportiva na Mina de São Domingos”.

 

Projetando já os anos vindouros, a vereadora afirmou que “há desafios que se impõem na valorização do clube, nas suas condições físicas, na valorização e na diversificação da sua oferta desportiva” e destacou a obra de manutenção do edifício dos balneários e bancada que, disse, estar já está adjudicada, e, o anúncio há muito aguardado de que “está a ser elaborado o projeto de colocação de um piso sintético no ‘Campo Cross Brown’. Um compromisso deste mandato que temos o objetivo de cumprir, concretizando uma velha ambição do São Domingos”. Um anúncio também antes feito pelo presidente do município, Mário Tomé, em mensagem vídeo exibida durante a sessão.

 

Antes de finalizar, qual treinadora da equipa, deixou o apelo: “Convocamos, todos vós, para que continuem a apoiar o São Domingos. Não só na parte do futebol, como na componente associativa, há muita coisa fazer e custa menos repartido por muitos”.

 

O São Domingos foi representado na sessão solene pelo presidente da Assembleia Geral, Manuel Gonçalves Silva ‘Blésinho’ que se referiu ao centenário emblema como “O nosso São Domingos, o clube da Mina, o clube que nos representa no futebol distrital há tantos anos, o clube que, até se diz imenso, nos faz lutar e, no dia seguinte, voltar a lutar, vencendo barreiras, superando obstáculos, promovendo o desporto no concelho, fomentando estilos de vida saudável e ocupação salutar dos tempos livres”. Mas não terminou sem elogiar “ a atitude altruísta e de enorme persistência do atual presidente, António Calhegas, e da sua equipa, a quem se deve que o clube mantenha as portas abertas”.

 

Outra presença que valorizou a cerimónia foi a de Miguel Rasquinho, Diretor Regional do Alentejo do Instituto Português do Desporto e Juventude, revelando que o porquê de estar com imensa satisfação nesta comemoração. “Não existem muitos clubes no Alentejo que conseguem assinalar 100 anos de atividade ininterrupta, por isso, estando em férias, procurei o melhor momento para estar aqui convosco”.

 

O dirigente fez questão de lembrar a grandeza geográfica do território que a Direção Regional do Alentejo tutela, com os distritos de Beja, Évora e Portalegre mais os quatro concelhos do Alentejo Litoral, no distrito de Setúbal, acentuando, por isso, que “aqui temos os problemas da interioridade, que se fazem sentir no desporto, na juventude, no emprego, na educação, enfim, em tudo o resto, mas é contra isso que lutamos e eu vim aqui encontrar um excelente exemplo no São Domingos Futebol Clube, um excelente exemplo de trabalho, de resiliência, de força de vontade e é um exemplo do que eu vejo em todos os clubes do Alentejo. Mas nem todos fazem 100 anos.

 

O São Domingos faz 100 anos e aquilo que me atrevo a dizer é que venham mais 100, nós já cá não estaremos, como é óbvio, mas vivam, acima de tudo, um dia de cada vez, é isso que lhes peço, que vão vivendo um dia de cada vez e fazendo viver esta coletividade”, concluiu.

 

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