Diário do Alentejo

Raul Lourenço: “Temos pela frente um trabalho hercúleo”

16 de março 2021 - 16:20

A crise epidemiológica transformou o dia-a-dia dos atletas e dirigentes do Núcleo Desportivo e Cultural (NDC) de Odemira de uma forma extremamente negativa. O futuro de modalidades, como o atletismo e natação, só não estará comprometido pelo empenho dos seus dirigentes.

 

Texto Firmino Paixão

 

Em entrevista ao “DA”, o presidente do clube, Raul Lourenço, sublinha as dificuldades por que aquela comunidade desportiva está a passar, comentando, ainda assim, que “a suspensão das atividades foi um mal necessário, tendo em conta o avanço desta pandemia. Tivemos todos que aceitar um confinamento que não desejávamos. No NDC Odemira acentuaram-se mais as dificuldades, tendo em conta que o clube parou completamente as suas atividades e suspendeu todos os eventos desportivos”.

 

Como é que os atletas e dirigentes do Núcleo têm enfrentado esta crise?

Tem sido muito difícil. No atletismo, os atletas nos escalões de formação aguardam a possibilidade de regressarem aos treinos. Por outro lado, alguns atletas veteranos continuam a treinar. A única atleta que mantém a regularidade nos treinos e contacto com o treinador é a Ana Lourenço. O atleta Peter Knight também mantém a esperança e a expectativa de competir ainda este ano. Tivemos muitas dificuldades em treinar logo desde o início da pandemia, tendo em conta que o Estádio Municipal de Odemira se encontrava em obras para substituição do relvado sintético. Entretanto, conseguimos retomar os treinos nos escalões jovens em novembro/dezembro do ano passado, mas com o aumento de novos casos tivemos que os suspender de novo. A equipa de natação está numa situação extremamente complicada, os 35 nadadores não tem acesso à Piscina Municipal de Odemira para treinarem, desde o início desta pandemia.

 

O atletismo e a natação foram as modalidades mais afetadas?

Sem dúvida que sim, estamos numa situação muito complicada. Temos pela frente um trabalho hercúleo para reerguer estas duas modalidades ao nível que elas estavam antes da pandemia. Tínhamos cerca de 55 atletas nas duas modalidades e, neste momento, não temos certezas de nada. A continuidade do atletismo e da natação em Odemira não está comprometida porque nós não vamos permitir que isso aconteça, mas temos pela frente muito trabalho.

 

Organizaram algumas iniciativas em ambiente digital, para manterem os vossos atletas focados?

Sim, sentimos a necessidade de fazer algo diferente, tentámos uma abordagem no sentido de dar algum apoio aos nossos alunos e atletas com aulas e treinos ‘online’ entre abril e agosto. Realizámos 46 aulas e treinos ‘online’, e contribuímos assim para minimizar os efeitos negativos desta pandemia na prática de atividade física junto da população.

 

Não registaram quaisquer abandonos, sobretudo nas classes de formação?

Neste momento é difícil obter indicadores nesse sentido. Quando nos for possível retomar as atividades, aí sim, iremos ter noção da realidade.

 

Como é que se motivam atletas num cenário de tão prolongada ausência de competição?

Depende, há atletas que se conseguem motivar mais facilmente devido às suas competências psicológicas e às suas apetências para competir, e há outros que apresentam quadros mais complicados.

 

Está no horizonte, talvez em abril, um desconfinamento progressivo. Confia que o NDC Odemira e os seus atletas poderão regressar à atividade?

Estamos com essa imagem no horizonte. Com os novos casos de covid-19 a diminuírem rapidamente, aguardamos com expectativa as regras de um desconfinamento progressivo. No atletismo poderá ser um pouco mais fácil o acesso ao estádio municipal, mas no que diz respeito à natação dependemos da abertura da piscina para retomarmos os treinos.

 

Outra das contrariedades foi a não realização de eventos como o Circuito Vila de Odemira, as Brisas do Atlântico e o Crosse dos Cavaleiros. Acha que ainda este ano podem regressar estes eventos e com maior pujança?

É nosso desejo que isso aconteça o mais rapidamente possível mas, infelizmente, não vejo que estejam reunidas as condições para organizarmos estes três eventos em 2021, até porque é necessário um planeamento e operacionalização antecipada para cada um deles.

 

Está a decorrer em Odemira, com organização do município um ciclo de formação 'online'. O Núcleo tem alguns dos seus elementos a adquirir esses conhecimentos?

Naturalmente que sim, consideramos a iniciativa da Câmara Municipal muito importante no contexto em que vivemos. Temos vários técnicos e dirigentes que colaboram connosco atentos e a participarem neste ciclo de formações.

 

Outras novidades recentes foram a mudança na presidência da associação regional de atletismo e a eleição da odemirense Teresa Fernandes para a Associação de Ciclismo do Algarve…

Em primeiro lugar, quero agradecer ao professor António Machado o contributo que deu à modalidade, no decorrer da sua passagem como diretor técnico e depois como presidente da Associação de Atletismo de Beja, e desejar à atual presidente, Rosário Figueira, as maiores felicidades na condução dos destinos do organismo que tutela o atletismo distrital. No que diz respeito à minha conterrânea, Teresa Fernandes, recentemente eleita para desempenhar funções como diretora para o desenvolvimento do BTT no Algarve e no Baixo Alentejo, tenho a certeza que dará um excelente contributo para o desenvolvimento da modalidade e desejo-lhe muitas felicidades no desempenho das suas funções.

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