Diário do Alentejo

“O distrito de Beja vive tempos de completo abandono"

16 de setembro 2019 - 00:15

Do investimento na saúde à melhoria das acessibilidades rodoviárias, da eletrificação da ferrovia, entre Casa Branca e Funcheira, à regionalização: eis o caderno reivindicativo da CDU para a próxima legislatura.

 

Texto Luís Godinho

Fotografia José Ferrolho

 

Oinesperado sucedeu em março de 2018, quando João Ramos, “por razões de natu- reza pessoal e familiar”, renunciou ao mandato de deputado por Beja, para o qual tinha sido eleito pela CDU, três anos antes. Como a número dois da lista, Teresa Pires, invocou, igualmente, “impedimentos de ordem pessoal e de saúde” para não assumir o cargo, avançou o terceiro nome da lista. João Dias, enfermeiro com mais de duas décadas de experiência, e, à época, coordenador da Unidade de Cuidados na Comunidade do Centro de Saúde de Beja, chegou então ao parlamento. Depois disso já foi candidato às europeias e apresenta-se agora como cabeça de lista às legislativas de 6 de outubro com ambição vence- dora: “Não temos dúvidas que mere- cemos vencer as eleições, mas essa decisão está nas mãos das pessoas”.

 

Diz o candidato que o distrito “vive tempos de completo abandono”. Mais do que isso, refere a existência de um “total desrespeito pelas populações e pelo território”. “Acredito que este abandono é propositado e exemplo disso é o troço do IP8/A26, que está concluído e encerrado, ou a eletrificação ferroviária entre Casa Branca – Beja – Funcheira para a qual o Governo PS disse ir encomendar um estudo, mas que afinal já está feito há quatro anos”. Outro exemplo será a ampliação do hospital de Beja, “prevista há 40 anos e sempre adiada até ao esgotamento” da capacidade desta unidade de saúde.“Há medidas estruturantes que há muito deveriam estar feitas, mas que PS, PSD e CDS passam as culpas uns aos outros sem assumir as suas responsabilidades no estado a que chegou a situação de atraso do nosso distrito”, sublinha. Feito o diagnóstico, apresentadas propostas no parlamento, “falta vontade para as concretizar”.

 

Entre as prioridades para o Baixo Alentejo, inclui a saúde, com o candidato comunista a defender, por um lado, a necessidade de investimento para a construção da segunda fase do hospital, meios de diagnóstico e melhoria dos serviços e, por outro, a adoção de medidas para garantir a existência de profissionais “em número suficiente nos serviços de saúde no distrito para dar resposta condigna às necessidades reais das populações”. As acessibilidades são outra área prioritária, insistindo João Dias na importância da construção do IP8 com perfil de autoestrada entre Sines e Ficalho, sem portagens, e no aproveitamento das potencialidades do aeroporto, além da ligação ferroviária direta entre Beja e Lisboa e da eletrificação da linha entre Casa Branca e Funcheira.

 

Depois, há ainda as “bandeiras” da CDU a nível nacional, entre as quais a “revogação das normas gravosas do Código do Trabalho” ou o aumento do salário mínimo nacional para os 850 euros. Em matéria de agricultura, João Dias diz serem necessárias “medidas efetivas de monitorização e controle dos efeitos na saúde pública e na paisagem” das culturas intensivas e superintensivas, praticadas em áreas muito concentradas e próximas das povoações.

 

A reposição das freguesias, ex- tintas durante o governo de Pedro Passos Coelho, e a regionalização são outras “bandeiras” do cabeça de lista da CDU por Beja. “A criação das regiões administrativas como preconiza a Constituição da República Portuguesa assume, no País e no Alentejo, uma especial relevância. Há atualmente dois níveis de poder, o central e o local, ficando evidente a ausência de poder a nível regional, fundamental para o desenvolvimento harmonioso do território”. João Dias sublinha que as regiões “são vitais para potenciar os recursos disponíveis e combater as assimetrias regionais e sociais de que o nosso Alentejo tem sido vítima e que têm conduzido a esta situação de despovoamento e envelhecimento que se agrava dramaticamente com o desinteresse, diria mesmo indiferença, dos governos de PS, PSD e CDS”.

 

“O processo de descentralização promovido por PS e PSD nesta legis- latura, à pressa e em cima do joelho, desencadeou a nossa firme oposição, porque não é de descentralização de que se trata, é pretexto para adiar de forma definitiva a regionalização. Ou o povo reforça a CDU nestas eleições ou a regionalização será uma necessidade adiada”, refere João Dias, acusando o deputado socialista por Beja, Pedro do Carmo, de “nunca ter estado disponível” para acompanhar a CDU na defesa dos projetos necessários para a região. “Preferiu o silêncio e sistematicamente foi mesmo um obstáculo à região, mesmo perante tantos projetos da CDU aprovados na Assembleia da República”, conclui

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