Terminada a licenciatura, Daniel Medeiro estagiou no Casa Pia, antes de regressar a Beja, onde se ocupou a lecionar AEC – Atividades Extra Curriculares, mas o estágio que efetuou junto dos casapianos já era premonitório de um salto mais qualificado, assume o jovem: “O sonho esteve sempre lá. Se seria capaz de o alcançar? Nós nunca conseguimos prever aquilo que nos vai acontecer. Podemos sonhar, e enquanto isso for possível alimentamos essa esperança mas, seguramente, que forças não me irão faltar para tentar que os meus sonhos sejam cumpridos e que sejam bem-sucedidos”.
Por ora, trabalha no clube de que se confessa adepto e esperança no futuro é sentimento que não lhe falta: “Penso que lá irei continuar, é um projeto de que gosto muito, porque engloba também o recrutamento e observação de jogadores. Ir à procura dos melhores, trazê-los para a academia e trabalhar com eles. Isso dá-me muito gozo e quanto mais pequenos, mais gratificante e compensatório, porque conseguimos ver a sua evolução ao fim de uns anos. Muitos deles serão, um dia, bons profissionais de futebol”.
Daniel Medeiro tem no seu lote de formandos três miúdos alentejanos como ele, Bernardo, André e Tomás, jovens naturais de Santa Margarida do Sado, de Boavista de Pinheiros e de Colos, e, se outras razões não existissem para se sentir feliz, a presença dos conterrâneos seria um forte estímulo: “Estou muito feliz. É gratificante trabalhar com estes miúdos, todos eles têm muito talento, para mim são todos iguais, todos têm muita qualidade, caso contrário, não estavam connosco, porque os jogadores são todos escolhidos de acordo com o potencial que revelam. Alguns com muito potencial e baixo rendimento no presente, mas alto rendimento no futuro, outros não estão ainda muito desenvolvidos mas, no futuro, certamente que estarão muito melhor”.
Foi com este lote de benjamins que a Academia de Formação Sporting Algarve venceu, recentemente, a Beja Cup 2019, no escalão de sub/10, uma vitória que Daniel Medeiro confessou que “teve um sabor especial”, porque “estava perto da minha família, dos meus amigos, estava na minha cidade”. E reforça: “No presente ano já ganhámos muitos torneios mas, ao nível pessoal, este foi especial”.
Não só especial, como diferente, pela qualidade desportiva que os seus pupilos apresentaram em Beja, contudo, refere o técnico: “Infelizmente, nem todos os miúdos que estão comigo conseguirão chegar ao topo, e não chegando lá temos de garantir que o futuro deles seja seguramente melhor, depois de terem passado pela nossa academia, seja a nível escolar, seja a nível pessoal. Ficarei mais feliz se me disserem que tive um jogador que se tornou médico, que se tornou professor ou outra profissão qualquer”.
Na verdade, no futebol nem todos os sonhos se concretizam, todos atingirão os seus objetivos, no entanto, assegura o treinador: “Serão, com certeza, bons pais de família e cidadãos exemplares. Estamos focados em que eles sejam profissionais de futebol, e com os valores que lhes transmitimos – esforço, dedicação devoção – poderem atingir a glória”.
Mas o guião deste sonho de Daniel Medeiro, enquanto treinador de futebol, ainda vai no primeiro capítulo. O resto está por escrever: “Estou feliz, o futuro terá de ser construído passo a passo e se aqui continuar ficarei ainda mais feliz e realizado. Treinar uma equipa profissional? Não sei se o meu sonho passará por aí. Se calhar, dá-me mais prazer a formação do que o futebol profissional, agora, nós nunca sabemos que oportunidades nos surgirão amanhã, por isso, só tenho de viver o presente. Estou feliz e quero agarrar esta oportunidade e depois logo se vê”.