Diário do Alentejo

Lourenço Teixeira: “Tinha a ambição de jogar no nacional, e consegui”

03 de dezembro 2021 - 15:00

Texto Firmino Paixão

 

Talento, humildade e ambição, poderia ser a adjetivação mais adequada para caracterizar este jovem bejense, nascido no dia 14 de março de 2005, filho de Nelson Teixeira, antigo jogador do Clube Desportivo de Beja e irmão de Lucas Teixeira, futebolista do Despertar Sporting Clube, de Beja. Mas não podemos ficar indiferentes à sua veia de goleador no Campeonato Nacional de Juvenis, com a camisola da Associação Académica de Coimbra, clube que, há duas épocas, o recrutou ao Despertar.

 

Lourenço Teixeira é, atualmente, o melhor marcador da equipa, o melhor da série onde a “Briosa” está a competir, e um dos quintos melhores a nível nacional. Onze jogos, 11 golos. É obra! “A equipa ajuda-me bastante a marcar golos. O mérito não é só meu”, assume o jovem. “Isto é fruto de um trabalho coletivo, trabalhamos toda a semana para darmos o melhor de nós em todos os jogos, portanto, também tenho que me sentir grato por eles me ajudarem a marcar tantos golos”. Mas avisa: “Temos que continuar a trabalhar bem porque a segunda fase, que se inicia no próximo domingo, será complicada. Tentaremos alcançar o nosso objetivo, que passa pela qualificação da Académica na terceira fase. Espero que os golos surjam naturalmente, porque gosto de marcar e ajudar a equipa a ganhar e a jogar bem”. Nem mais…

 

Mas vejamos como chegou este miúdo ao futebol. “Como o meu pai foi jogador, não é difícil adivinhar que sempre me estimulou para eu jogar futebol, à semelhança do meu irmão Lucas… eles sempre me puxaram para o futebol, nunca pratiquei outros desportos, e não estou arrependido, porque, por enquanto, as coisas estão a correr-me muito bem”.

 

Lourenço recorda-se de, ainda miúdo, ver jogar o pai com a camisola do Desportivo e, na hora das comparações entre os três craques da família Teixeira diz: “Somos jogadores diferentes, cada um com as suas qualidades, mas o meu pai foi um grande jogador e o meu irmão também o é”. Ou seja, como diz o provérbio, “filho de peixe sabe nadar” e Lourenço Teixeira adianta: “O meu pai ajudou-me a conseguir estar onde estou. O meu irmão também me tem dado algumas dicas para que eu corresponda às exigências que se me deparam no dia-a-dia”.

Mas o pai será, seguramente, o melhor conselheiro, admite. "Claro, é ele que me aconselha e, de vez em quando, deixa-me alguns alertas, para que eu acorde e não adormeça à sombra do que já consegui”.

 

Os primeiros passos da sua formação como jogador foram dados no Desportivo de Beja, na categoria de “traquina” mas, uma vez chegado a iniciado, ‘traquina’ como aprendeu a ser, mudou-se para o vizinho, e rival, Despertar, porquanto o clube estava no campeonato nacional e Lourenço teria outra visibilidade: “Tinha a ambição de jogar no nacional, queria evoluir mais, e consegui, porque as exigências do treino eram diferentes, o trabalho era mais intenso e jogando no nacional sempre temos outras oportunidades”.

Outra “montra” onde o Lourenço esteve exposto foram as duas participações no Torneio Interassociações Lopes da Silva. “[Esses momentos] deixaram-me grandes recordações. Obtivemos boas classificações e foram semanas que recordarei para sempre”.

 

O seu percurso foi sempre focado na oportunidade de ir mais além. “Claro. Trabalhei sempre, e continuo a fazê-lo, com a ambição de conseguir algo de melhor e de maior para a minha carreira. Agora estou na Académica e estou muito feliz lá”, desabafa.

Agora sim, Coimbra tem mais encanto. Concluiu o nacional de iniciados e surgiu uma oportunidade de fazer uma semana de treinos na academia conimbricense. O resto da história conta-se assim: “As coisas correram muito bem, gostaram de mim, por lá fiquei e estou a gostar imenso”. Mas estará o Lourenço empenhado em dar um salto maior? Vejamos: “A Académica é o meu clube, é nele que estou focado, estou feliz, estou contente com tudo o que me tem sido proporcionado e não é ainda o tempo de pensar no futuro, por enquanto vou vivendo um dia de cada vez”.

 

Se calhar, à espera de uma oportunidade na seleção? “Uma eventual chamada à seleção é um objetivo, não posso negar que trabalho todas as semanas para que um dia possa sentir o orgulho de representar o meu país… é sempre algo especial”.

 

O seu dia-a-dia é passado, invariavelmente, entre a academia e a escola, convivendo com companheiros que, entre si, atenuam a saudade da família que ficou lá longe. O jovem sabe que essa separação não é fácil, mas lembra: “Habituei-me com muita facilidade, tinha lá dois companheiros, o Diogo Marques e o Francisco Capa, que me ajudaram a ambientar muito bem dentro da academia e pela cidade. Foi extremamente fácil. Contudo, separar-me da família e dos amigos é sempre um bocadinho complicado porque, de vez em quando, a saudade aperta. Falo todos os dias com a família e eles também estão presentes em todos os jogos, tenho uma família muito presente”.

 

Depois existe essa vontade de se profissionalizar no futebol e isso ajuda a esbater a saudade. Como o futebol não será eterno, Lourenço Teixeira não desvaloriza o percurso académico: “Estou a fazer as duas coisas em simultâneo. Tento estar o melhor possível nas exigências académicas para poder, também, estar bem e poder corresponder aos desafios que o futebol me proporciona. No futebol as coisas vão acontecendo naturalmente. Tenho a ambição de atingir altos níveis de profissionalização e conseguir viver do futebol. Com a dedicação e a disponibilidade para trabalhar que possuo, acho que vou conseguir chegar lá”.

 

Qualidade não lhe falta e a sua autoavaliação diz muito disso: “Sou um jogador que desequilibra, gosto de ir para ‘cima’ dos defesas, pressionar, rematar, tentar fazer golos. Julgo que possuo boa qualidade técnica e de passe, e considero-me um jogador inteligente”, depois, também está seguro do que é necessário para vingar no futebol: “Possuir muita humildade e ter muita capacidade de trabalho, porque sem trabalho nada se consegue, nem se atingem as metas aonde queremos chegar”. Um punhado de razões para não se arrepender de ter seguido por este caminho. “De forma alguma. Sei o que quero e tenho a família sempre ao meu lado, nas decisões que tomo. Estou muito feliz com o momento que estou a viver e feliz com tudo aquilo que o futebol me tem proporcionado. O futebol é algo único para mim, é a minha paixão”. Força miúdo!

 

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