Três perguntas a Francisco Mateus, presidente da Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA)
Texto José Serrano
Começam a chegar ao mercado vinhos alentejanos com o certificado de produção sustentável. Qual o significado que a atribuição destes primeiros selos de sustentabilidade tem para o setor do vinho, no Alentejo?
É um marco para o Alentejo e para o setor, a nível nacional, pois demonstra que a produção sustentável de vinho é uma opção viável, utilizando práticas com efeitos positivos – social, ambiental e economicamente. O Alentejo foi pioneiro, em 2013, quando trouxe o tema para o setor, quando iniciou, no terreno, a implementação do Programa de Sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo (PSVA), em 2015, e quando lançou a certificação, em 2020. A atribuição dos primeiros selos, que atestam a certificação, mostra que o caminho está a dar frutos, com muito empenho por parte dos viticultores e adegas membros do PSVA e pela Comissão Vitivinícola. Esta é uma certificação, realizada por empresas externas à CVRA, dos processos de trabalho e das operações nas empresas e traduz uma revolução na forma de trabalhar no Alentejo – por essa razão é muito importante para a região. Esperamos que seja bem acolhida pelos consumidores e que a escolha por sustentável passe a estar nas decisões de compra.
O que traduz para o consumidor, o selo de produção sustentável?
Uma garrafa com o selo de produção sustentável significa que estamos perante um vinho que incorporou processos de produção, desde a instalação da vinha até ao engarrafamento, que contribuem para melhorar as condições de vida das pessoas que trabalham nas empresas e da comunidade envolvente, preservando e melhorando o meio ambiente e contribuindo para o desenvolvimento social e económico da região.
Qual a importância de os produtores de vinho do Alentejo começarem a seguir este caminho de produção vitivinícola e consequentemente poderem apresentar, nas suas marcas, este certificado?
Os produtores que obtiverem a certificação de produção sustentável podem exibir o selo nas embalagens, na publicidade, na comunicação ou nas assinaturas dos emails. O selo significa a aplicação de práticas sustentáveis, critério cada vez mais importante nas compras por mercados internacionais e em operadores nacionais da distribuição, como os supermercados. Por isso, a certificação é um fator de diferenciação da empresa e uma vantagem competitiva. Por outro lado, a produção sustentável contribui para garantir que a atividade das empresas vai continuar no futuro, sendo o legado que deixamos para os que vierem depois de nós. As empresas de vinho têm um forte cunho familiar e faz todo o sentido que aquilo que passarmos aos nossos filhos e netos esteja em melhores condições do que quando foi, por nós, recebido. A produção sustentável contribui para assegurarmos melhores condições futuras para as pessoas, para o planeta e para a atividade económica.