E se os trabalhadores imigrantes eram bons clientes, também o vão deixando de ser, uma vez que já há quem, entre eles, tenha comprado carrinhas para fazer esses “serviços”. Como olham para o futuro os dois profissionais do volante? “Ninguém irá enriquecer com um táxi, mas vai dando para viver”, afirma o motorista do litoral, que, no entanto, diz ser necessário, muitas vezes, fazer mais do que as oito ou nove horas de trabalho da praxe. O serpense afina pelo mesmo diapasão: “Para faturar 100 euros por dia, tenho de estar disponível 24 horas por dia”.
Longe vão os tempos em que Francisco Maria Carocinho, ao volante de um Ford Cortina, percorreu os primeiros quilómetros como taxista. Hoje, com 80 anos de idade e 46 anos de taxista, vai andando pela praça para se sentir “ocupado”. Em Beja, o número de táxis ao serviço é o mesmo de há 30 anos atrás. Os clientes é que são menos. “De manhã, na altura da escola, e quando chove, ainda se vai fazendo qualquer coisa, mas à tarde podemos não fazer nada”, conta Francisco Carocinho. Aqui, a concorrência, tal como em Serpa, é feita pelas carreiras Urbanas, mas o decano dos taxistas bejenses diz que, mesmo assim, “vai dando para viver”.
Segundo a Autoridade de Mobilidade e dos Transportes, existe uma grande disparidade no número de táxis por concelho. Os concelhos de Lisboa e do Porto possuem cerca de 31por cento dos táxis licenciados. Cerca de metade dos concelhos possuem 20 ou menos táxis licenciados. A nível nacional a oferta, ao contrário do que se passa no Baixo Alentejo, têm-se mantido estável, com mais de 13 mil viaturas licenciadas em todo o País, o que correspondia a 1,33 táxis por mil habitantes.
Turismo e população
Mas se a oferta se tem mantido estável, o mesmo não se passa com a população e o turismo, dois fatores com influência na procura deste tipo de serviço de transporte. O aumento generalizado do turismo na última década, superior a 40 por cento no número de dormidas em estabelecimentos hoteleiros, levou a que o número de táxis por mil dormidas em estabelecimentos hoteleiros tenha caído de 0,36 para 0,26, uma variação de 29 por cento. Já a queda de população residente, principalmente no interior do País, levou a que o número de táxis por mil residentes aumentasse de 1,30 para 1,33 (3 por cento).